PASTÉIS DE BACALHAU NA CASA BRANCA: O PRATO SIMPLES QUE CONQUISTOU O 2.º PRESIDENTE DOS ESTADOS UNIDOS
John Adams também tinha um gosto especial por bacalhau cozido c
om batatas - que poderia muito bem ter saído de uma cozinha portuguesa…
Muito antes de a Casa Branca ser palco de jantares de gala e menus sofisticados, o segundo presidente dos Estados Unidos, John Adams (que ocupou o cargo de 1797 a 1801), já lhe dava o sabor da sua cozinha. Primeiro a residir oficialmente no número 1600 da Pennsylvania Avenue, Adams era conhecido por preferir uma mesa simples - onde reinavam os pastéis de bacalhau (ou “codfish cakes”, em inglês) e o bacalhau cozido com batatas.
A revelação veio a luz no livro “Dinner With the President”, de Alex Prud’homme (Knopf), que percorre a história da presidência norte-americana à mesa, do frio em Valley Forge ao bife bem passado com ketchup de Donald Trump. No caso de Adams, a escolha pelo bacalhau não era apenas uma questão de gosto: o peixe era um símbolo económico e cultural da Nova Inglaterra, onde nasceu, região cuja cozinha moldou os primeiros menus presidenciais.
Além de Adams, outros presidentes (Franklin D. Roosevelt, por exemplo) mantiveram aquele peixe no cardápio da Casa Branca e menus históricos do final do século XIX registam até “codfish balls” em refeições oficiais de Acção de Graças e Natal.
JOHN ADAMS E AS LIGAÇÕES DIPLOMÁTICAS A PORTUGAL
Embora não existam registos de laços pessoais ou políticos directos entre o presidente John Adams (que viveu de 1735 a 1826) e Portugal, há episódios históricos que aproximam o estadista norte-americano do nosso país.
No início da década de 1780, Adams identificou Portugal - e a sua ligação estratégica ao Brasil - como um potencial parceiro comercial para os recém-independentes Estados Unidos. Manteve correspondência com enviados portugueses e defendeu a assinatura de um tratado que beneficiasse ambas as nações. Entre 1785 e 1786, juntamente com Benjamin Franklin e Thomas Jefferson, participou em negociações formais para um Tratado de Comércio, que chegou a ser redigido mas nunca entrou em vigor. O acordo definitivo entre os dois países só seria assinado em 1840.
Em 1780, enquanto servia na Europa, Adams remeteu ao Congresso norte-americano um decreto da rainha D. Maria I que proibia os corsários - incluindo americanos - de utilizarem portos portugueses para descarregar presas de guerra.
Já o seu filho, John Quincy Adams, foi nomeado em 1796 embaixador dos Estados Unidos em Portugal, embora tenha acabado por ser colocado na Prússia antes de assumir o cargo.
Mas, à mesa, o legado que ficou foi outro: o de um presidente que, no centro do poder, manteve o gosto simples e genuíno por um prato que também poderia ter saído de uma cozinha portuguesa.
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