O representante da República para os Açores, Pedro Catarino, despede-se da região com “gratidão e humildade”, na última mensagem de Ano Novo no cargo que ocupou durante 15 anos.
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“Gratidão e humildade são os sentimentos que ocorrem, de imediato, ao meu espírito, face a tão elevada honra, que me foi confiada para assumir nos Açores a representação da unidade nacional e a defesa, no quadro constitucional, da autonomia da região”, afirmou.
Nomeado para um primeiro mandato como representante da República para a Região Autónoma dos Açores em 2011, pelo então chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva, Pedro Catarino foi reconduzido no cargo por mais dois mandatos por Marcelo Rebelo de Sousa.
A poucos meses de terminar o terceiro mandato, o representante aproveitou a habitual mensagem de Ano Novo para fazer um balanço do seu percurso de 15 anos nos Açores.
“Procurei durante estes anos que a minha conduta pública e privada e que as minhas intervenções públicas correspondessem sempre aos mais rigorosos padrões éticos e de independência, tendo sempre em consideração, numa primeira linha, o respeito pela Constituição, a defesa dos interesses dos açorianos e da região e a sua conciliação com o interesse nacional”, apontou.
Pedro Catarino manifestou gratidão pela confiança depositada em si para cumprir as exigências do cargo ao serviço de Portugal e dos Açores, “procurando ser uma ponte, congregando todos numa comunhão solidária e fraterna”.
Mostrou ainda “humildade perante o privilégio e a responsabilidade inerente ao cargo”, com o seu “caráter simbólico e a sua dignidade institucional, que vão muito para além das competências específicas” das funções constitucionais e legais.
O representante da República disse que procurou, “com lealdade, ser um elo de ligação e de apoio da ação desenvolvida” pelos Presidentes da República que o nomearam em relação à região.
Destacou ainda “o relacionamento correto, franco e leal” que manteve com os órgãos de governo próprio da Região Autónoma, “dentro do respeito pelas respetivas competências, bem como pelo papel dos partidos políticos”.
“Creio que trabalhámos e conjugámos os nossos esforços para o bem comum. A vida política na região decorreu sempre dentro das regras democráticas, do primado de direito e do exercício das liberdades individuais e foi geralmente caracterizada pelo respeito e civilidade mútuas”, referiu.
Pedro Catarino defendeu que se vive nos Açores “um clima de segurança, tranquilidade e coesão social”, devido “às qualidades do povo açoriano e à forma como os seus sucessivos representantes têm assumido as suas responsabilidades, em cooperação com as instituições da República”.
“Portugalidade e açorianidade combinam-se numa forte consciência cívica e numa simbiose cultural, social e política – que, todavia, não impede a abertura a um mundo em profunda e rápida mudança, pleno de desafios em domínios como as migrações e a digitalização, mas também de riscos de segurança e climáticos”, sublinhou.
Realçando que os Açores são “uma das regiões mais bonitas e agradáveis do mundo para se viver”, o representante agradeceu o acolhimento dos açorianos e garantiu que levará da região “uma recordação preciosa” que perdurará até ao fim dos seus dias.
“A qualidade de vida, a simplicidade do quotidiano, as relações humanas, as elites culturais e o gosto pela música, a preservação do património arquitetónico, o contacto com a natureza, a omnipresença do oceano, a qualidade dos produtos da terra e do mar, a harmonia entre o casario e o meio ambiente, tudo isto combinado com as facilidades da vida moderna que quebram o isolamento e permitem a sua conversão num convite a uma vida saudável, ao repouso e à reflexão, tudo são boas razões para fazer dos Açores, um lugar de eleição, um paraíso na Terra, que os açorianos bem merecem e devem preservar e usufruir”, salientou.
Nascido em Lisboa em 1941, Pedro Catarino liderou a delegação portuguesa ao Grupo de Ligação Conjunto luso-chinês sobre o futuro de Macau, presidiu à Comissão Interministerial sobre Macau e chefiou a delegação que negociou o Acordo luso-americano sobre a Base das Lajes e o Acordo de Cooperação e Defesa entre Portugal e os Estados Unidos, tendo presidido à Comissão Interministerial sobre as relações entre os dois países.
Desempenhou o cargo de representante permanente de Portugal junto das Nações Unidas, foi embaixador em Pequim e em Washington, administrador não-executivo da Agência Portuguesa para o Investimento, presidente do Alto Conselho para o Investimento Direto Estrangeiro e presidente da Comissão Permanente de Contrapartidas, tendo sido, ainda, enviado especial do Governo para a candidatura de Portugal ao Conselho de Segurança das Nações Unidas.
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