CCIAH e NEISJ manifestam indignação com alteração da agenda
do Presidente da República
A
Câmara de Comércio e Indústria de Angra do Heroísmo (CCIAH) e o seu Núcleo
Empresarial da Ilha de São Jorge (NESJ) vêm por este meio manifestar publicamente a
sua profunda indignação perante a decisão do Senhor Presidente da República,
Professor Marcelo Rebelo de Sousa, de reduzir drasticamente a sua visita à ilha de São
Jorge — inicialmente prevista para dois dias — a uma presença meramente simbólica e
apressada, limitada a apenas duas horas.
A visita acabou por se limitar à participação na cerimónia de internalização de um
confrade da Confraria do Queijo de São Jorge, momento esse de grande simbolismo
para a ilha e para o seu principal produto de origem. Contudo, essa presença, pela
forma breve e apressada com que decorreu, ficou muito aquém do que estava
inicialmente previsto, publicamente anunciado pela casa civil do Sr. Presidente da
República, e do que a ilha de São Jorge legitimamente esperava.
Importa recordar que a última presença significativa do Senhor Presidente da
República em São Jorge ocorreu durante a crise sísmica, tendo então estado presente
por duas vezes, num momento de grande dificuldade, em que a solidariedade nacional
se fez sentir. Esse gesto é e será sempre reconhecido. No entanto, ultrapassada essa
fase de emergência, e perante uma visita previamente anunciada com tempo e
expectativas criadas, considerava-se essencial uma agenda de proximidade — com a
população, com o tecido empresarial e com as diferentes realidades que compõem o
quotidiano desta ilha — marcada, como é sabido, pelos desafios da insularidade e do
isolamento.
Estava também prevista, e amplamente divulgada pela comunicação social, a
realização de um mergulho simbólico do Senhor Presidente na emblemática Poça
Simão Dias — um momento que, além do seu valor simbólico, teria representado uma
oportunidade significativa de promoção turística da ilha junto ao mercado nacional,
com impactos evidentes nos setores do turismo, comércio e restauração.
A alteração da agenda presidencial resulta, de forma inequívoca, de uma cedência à
pressão da Presidência do Governo Regional para que o Chefe de Estado se deslocasse
à ilha de São Miguel, algo que não constava da agenda previamente estabelecida. Esta
decisão representa não só um desrespeito institucional para com São Jorge, como
reflete a contínua cedência aos interesses centralistas regionais que,
sistematicamente, ignoram as ilhas mais pequenas do arquipélago dos Açores.
Lamentamos profundamente que, uma vez mais, São Jorge seja relegada para segundo
plano. Tal atitude compromete os princípios de coesão territorial e de equidade no tratamento das diversas ilhas da nossa Região Autónoma. A presença do mais alto
magistrado da Nação deveria ter sido um momento de escuta, de proximidade e de
compromisso com todos os cidadãos, independentemente da sua localização
geográfica. Teria sido, também, uma oportunidade relevante para a economia da ilha,
dada a reconhecida visibilidade pública do Senhor Presidente da República.
Acreditamos que esta alteração de última hora contou com a interferência direta do
Presidente do Governo Regional, facto que consideramos politicamente inaceitável. Os
interesses institucionais da Região Autónoma dos Açores devem ser defendidos de
forma equitativa e transparente, e não instrumentalizados ao sabor de conveniências
políticas ou pessoais.
Acresce, com igual perplexidade, a ausência do Senhor Presidente da Assembleia
Legislativa da Região Autónoma dos Açores, que, ao contrário do ocorrido noutras
ilhas durante esta visita presidencial, não marcou presença em São Jorge, apesar de
ter confirmado previamente a sua participação na cerimónia da Confraria do Queijo de
São Jorge. Tal ausência, da mais alta figura institucional da Região, reforça o
sentimento de desvalorização da ilha e a perceção de um tratamento desigual entre as
diferentes parcelas do nosso arquipélago.
Reiteramos o nosso respeito institucional pela figura do Presidente da República, mas
não podemos deixar de registar a nossa profunda deceção com a forma como esta
visita foi gerida e com o sinal político que dela resulta.
Do conteúdo deste comunicado foi dado conhecimento à casa Civil de sus Excelência o
Presidente da República tal como ao Sr. Presidente do Governo Regional dos Açores.
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