ARTIGO DE OPINIÃO
“Não facilitar”
Maria José Guimarães
Pneumologista
Coordenadora do Serviço de Pneumologia do Hospital da Luz- Guimarães
A Esclerodermia, é uma doença rara, de causa autoimune complexa e ainda não
totalmente esclarecida, que envolve o tecido conjuntivo do nosso organismo.
Afeta cerca de 2500 a 3000 pessoas no nosso país e no Mundo estima-se que a
prevalência se situe entre 1-5 doentes por cada 1000 habitantes (dados de 2017 para
EUA e Inglaterra).
Esta doença cursa com sintomas muito variados, uma vez que tem envolvimento ao
nível de vários órgãos, (daí o termo Esclerose Sistémica) e como tal, também pode
afetar o pulmão.
Assim percebemos que os doentes com Esclerose Sistémica ou Esclerodermia para
além de poderem já sofrer de doença respiratória crónica podem ainda ter
complicações agudas causadas por infeções respiratórias graves, como a pneumonia.
São tempos de cuidados acrescidos.
No cenário atual do país e do Mundo, é mais importante do que nunca não facilitar e
continuar a fazer-se a medicação prescrita pelo médico especialista e que está
ajustada ao grau de gravidade de cada doente, entrar em contacto com o médico em
qualquer situação que considere estranha e fora do habitual, cumprir com o exercício
de mobilidade e ter cuidados acrescidos com a alimentação.
Tendo em conta a fragilidade do sistema imunitário associada quer à doença quer às
terapêuticas medicamentosas indicadas para esta patologia, os doentes com
Esclerodermia devem procurar prevenir-se contra doenças respiratórias graves como a
pneumonia ou a gripe, nomeadamente através da vacinação.
Até à data, não existe nenhuma indicação de que haja motivo para suspender a
terapêutica anti-inflamatória que muitos destes doentes fazem.
As pessoas devem auto analisar-se e perceber se estão a sentir algo que esteja
relacionado com a Covid-19 (febre, tosse, dores musculares, perda de olfato ou
paladar ou dificuldade respiratória) que poderão já ter sentido antes ou se os sintomas
são diferentes do habitual. Deve ter em atenção que a febre e a falta de ar neste
cenário de Covid-19 é mais acentuada do que o habitual.
Não havendo vacina e um tratamento efetivo contra o novo coronavírus, o
cumprimento das medidas de higiene e segurança recomendadas pelas autoridades de
Saúde e pela OMS são de extrema importância.
As palavras de ordem são então: “Não facilitar”!
Maria José Guimarães
Pneumologista - Coordenadora do Serviço de Pneumologia do Hospital da Luz- Guimarães




