Açores, 26 de Agosto de 2020 - PAN / Açores lamenta que, para limitar a população de
gaivotas, espécie protegida, uma autarquia da Vila Franca do Campo tenha a audácia
de sugerir a introdução de uma espécie predadora e não endémica na área do ilhéu de
Vila Franca, onde nidificam mais duas espécies protegidas e monitorizadas pela SPEA,
como o Cagarro e o Garajau-comum.
A introdução do Falcão irá causar entropia no fino balanço do ecossistema criado para
as três espécies endémicas: as gaivotas, os cagarros e também os garajaus, mais
conhecidos como as Andorinhas do mar, sendo estas espécies protegidas pelo Decreto-
Lei n.º 140/99, da preservação dos habitats naturais e da fauna e da flora selvagens,
para os quais foram criados, tanto programas de protecção como programas de
erradicação de espécies predadoras dentro do próprio ilhéu.
As amostras recolhidas e enviadas para Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo
Jorge, a 27 de Julho, dentro do Ilhéu de Vila Franca do Campo e na zona circundante,
revelam que as bactérias fecais (Escherichia coli e Enterococcus intestinais) detectadas
são de origem humana e animal. Não existe honestidade política quando se afirma
que a falta de qualidade de água no Ilhéu e suas imediações sejam unicamente
provocadas pelas aves da reserva natural.
Conforme comunicado pela SPEA e corroborado pelo PAN/Açores, se existe um
número maior que o habitual de população de gaivotas na Reserva Natural de Vila
Franca do Campo, esta deve-se “às fontes de alimentação de origem humana como os
seus desperdícios”.
O PAN/Açores, e havendo suspeitas sobre a integridade do emissário submarino,
questiona a inexistência de uma ETAR na área analisada, antes da emissão de
descargas para o mar sem qualquer tratamento. Visto que a estrutura submarina
apresenta 30 anos e uma possível deterioração, e após falhas pontuais no
funcionamento por vários anos consecutivos, os problemas com a qualidade da água
na zona protegida são uma inevitabilidade. Culpar as aves é apenas justificar o desleixo
dos responsáveis ao longo dos anos.
“Quando ouvimos as declarações do Sr. Ricardo Rodrigues, que pretende introduzir
uma espécie predadora para extinguir uma espécie protegida, há um sentimento de
retorno ao passado com o uso de métodos empíricos e criativos para acabar de vez
com as gaivotas seja em Ponta Delgada como Presidente da AMISM, que tutela a
Musami, ou em Vila Franca como Presidente da Câmara. Relembramos que já em
2016, o PAN/Açores denunciou o uso indevido de Pentobarbital de Sódio para
envenenar as gaivotas e a Secretaria Regional do Ambiente multou a Musami, finaliza
Pedro Neves, porta-voz do PAN/Açores.