Artigo de opinião de Paulo Paixão, presidente da Sociedade Portuguesa de Virologia e
Médico Virologista da SYNLAB Portugal
Regresso às aulas: Ensine o seu filho a prevenir a COVID-19
O regresso às aulas em época de COVID-19 continua a ser uma das maiores
preocupações dos pais, que receiam pela segurança dos filhos, e da população em geral,
que receia o aumento do possível risco de contágio.
Mas a experiência de outros países mostra-nos que a transmissão nas escolas não é tão
elevada como era expectável. Muito se fala de França, por terem já sido encerradas mais
de 20 escolas logo no início. Porém, é preciso lembrar que são pouco mais de duas
dezenas de instituições, em cerca de 60 mil, e que, na sua maioria, fecharam por
questões preventivas.
As escolas portuguesas têm condições para receber os alunos novamente, mas tem de
haver consciência de que a probabilidade de as crianças contraírem o vírus é sempre
mais acrescida do que se ficarem em casa. O risco é relativamente baixo, mas para o
mantermos baixo, devemos referir que para além das autoridades de saúde, das escolas
e dos seus profissionais, também os pais têm um papel muito importante, no sentido de
consciencializar os filhos para as regras do distanciamento social, da lavagem das mãos e
da etiqueta respiratória, que, de forma alguma, podem deixar de ser cumpridas. Os pais
têm de ter a responsabilidade individual de conduzir as suas crianças e/ou instruírem os
seus adolescentes, que são o grupo mais problemático, para cumprirem as regras no
espaço escolar.
O grande problema não está tanto nas salas de aula, mas nos tempos de pausa. É
preciso explicar muito bem às crianças e adolescentes que, mesmo nessas alturas, é
fundamental continuar a usar a máscara (as crianças com idade para a utilizar,
naturalmente) - exceto à refeição-, e a manter a distância. É também importante
consciencializar as crianças e os jovens para utilizarem máscara dentro do espaço
escolar e nos transportes, durante o percurso até á escola; guardarem a distância de
segurança dos colegas, professores e funcionários da escola; seguirem as normas de
Etiqueta respiratória que incluem tapar o nariz e a boca com um lenço de papel ou com o
braço, quando espirrar ou tossir; e efetuarem a correta higiene das mãos, desinfetando ou
lavando as mãos depois de tocar em superfícies ou objetos. Estas regras são para todos.
São difíceis de cumprir, mas são essenciais.
No geral, as instituições de ensino estão bem organizadas, com circuitos e formas de
atuação bem definidas. As diretrizes emitidas pela Direção-Geral de Saúde (DGS) e as
condições instituídas nas escolas asseguram a minimização do contágio por SARS-CoV-
2. No meu entender, uma informação que carece de melhor explicação é a clarificação de
quais são exatamente os sintomas de infeção respiratória indicadores de que os pais não
podem levar as crianças à escola e, ainda, como devem atuar nesta situação. É claro que
crianças sintomáticas não podem ir à escola, mas é preciso que a DGS defina melhor o
que se entende por sintomático neste escalão etário e que deverá implicar ficar no
domicílio.
Igor Angélico

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