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ARTIGO DE OPINIÃO A presença dos cuidados paliativos reflete o grau de civilização de uma sociedade O mês de Outubro tem sido nos últimos anos dedicado aos cuidados paliativos. Neste ano excêntrico, pelo contexto de pandemia, o foco sobre os cuidados ...

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ARTIGO DE OPINIÃO A presença dos cuidados paliativos reflete o grau de civilização de uma sociedade… Ver mais

Data: 2020/10/20
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ARTIGO DE OPINIÃO
A presença dos cuidados paliativos reflete o grau
de civilização de uma sociedade
O mês de Outubro tem sido nos últimos anos dedicado aos cuidados paliativos.
Neste ano excêntrico, pelo contexto de pandemia, o foco sobre os cuidados
paliativos é mais do que nunca necessário. E também o é a exigência da sua inclusão
no sistema de saúde.
É por muitos tido que a presença dos cuidados paliativos reflete o grau de civilização
de uma sociedade. Essa civilidade é hoje testada globalmente. É-o particularmente
neste lado ocidental do mundo, do qual fazemos parte, e que acreditamos como
mais evoluído.
O que são cuidados paliativos? Segundo a definição da Organização Mundial de
Saúde são cuidados que " visam melhorar a qualidade de vida dos doentes e suas
famílias, que enfrentam problemas decorrentes de uma doença incurável e/ou grave
e com prognóstico limitado, através da prevenção e alívio do sofrimento, com a
identificação precoce e tratamento rigoroso dos problemas não só físicos,
nomeadamente a dor, mas também psicológicos, sociais e espirituais".
A pandemia que estamos a viver tem atingido de forma mais gravosa os mais
vulneráveis. A taxa de mortalidade nos idosos está entre 14,8% a 21,9%, sendo a
taxa de mortalidade global de 2% a 5%. São estes os doentes para quem uma
escalada de cuidados poderá não ter indicação, por não terem capacidade de
sobreviver a um ambiente agressivo de cuidados intensivos. E são estes,
maioritariamente, os doentes alvo dos cuidados paliativos.
A necessidade de aplicar os princípios dos cuidados paliativos para atender às
necessidades globais do doente e apoiar a família/cuidador, é crucial em contexto de
crise humanitária e é transversal a todos os níveis de cuidados, desde a enfermaria
geral às unidades mais diferenciadas. É particularmente importante nos contextos
epidemiológicos, em que o afastamento físico dos doentes e famílias pelo risco de
contágio, leva a uma disrupção do ambiente sócio familiar. O envolvimento de
psicólogos e assistentes sociais, assim como o apoio de líderes religiosos e
voluntários, é de extrema importância nestas situações.
Contudo, em contexto de crise humanitária, os cuidados paliativos são muitas vezes
deixados para um segundo plano. Frequentemente, e porque a prioridade é salvar
vidas, as acções paliativas apenas são incluídas quando o tratamento curativo não se
revela eficaz.
Mas o objectivo mandatório de salvar vidas não pode criar uma dicotomia entre
cuidados curativos e cuidados paliativos. Doentes em tratamento intensivo
necessitam paralelamente de uma abordagem holística em que estão inerentes os
princípios paliativistas, e para os doentes para os quais é evidente que a cura não é
possível, aliviar o sofrimento e/ou acompanhar o processo de morte é a prioridade.
É também muito importante que o contexto epidemiológico não deixe sem cuidados
todos os outros doentes que continuam a sofrer de outras doenças que não Covid-
19. A priorização do tratamento de agudos deve também ser pensada em função do
tratamento das agudizações de doentes crónicos, através das equipas de
proximidade já existentes.
A otimização dos cuidados ao doente em fim de vida deve incluir a preparação da
morte no domicílio, desejo expresso por muitos doentes e cuidadores, ainda mais
neste contexto em que o internamento leva quase sempre a uma separação total. A
preparação da morte em domicílio é uma competência de excelência das Equipas de
Cuidados Paliativos, que podem prevenir e tratar situações urgentes de fim de vida e
diminuir o uso dos recursos hospitalares. O sofrimento numa situação terminal é
uma urgência que pode muitas vezes ser tratada no domicílio.
Céu Rocha /Coordenadora da Equipa de Cuidados Paliativos da Unidade Local de
Saúde de Matosinhos
Nota: Este artigo foi escrito segundo a antiga ortografia
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