
Quebra acentuada na vacinação contra doenças graves
Movimento Doentes Pela Vacinação alerta
Quebra acentuada na vacinação contra doenças graves
Apesar do Comunicado da Direção-geral da Saúde, ainda durante o estado de
emergência, que apelava ao cumprimento do PNV e estabelecia prioridades, a
população não se está a vacinar contra doenças graves como a Pneumonia. O medo e
a falta de conhecimento sobre as consequências dramáticas que podem advir deste
absentismo são as principais causas para esta quebra na taxa de vacinação. O
Movimento Doentes Pela Vacinação deixa o apelo – para que o número de mortes
não aumente, é fundamental que se retomem práticas de prevenção. Urge recuperar
o tempo perdido e preparar uma eventual segunda vaga de pandemia, apostando na
robustez do sistema imunitário de quem está mais fragilizado: pessoas com mais de
65 anos e doentes crónicos.
A Pneumonia mata uma média de 16 pessoas por dia, no nosso País. Caso a população
não retome rapidamente rotinas como a vacinação contra doenças graves, este
número pode aumentar exponencialmente. "É imperativo que as pessoas se sintam
seguras e confiantes no regresso aos cuidados de saúde. Só assim conseguiremos
recuperar o tempo perdido e preparar uma eventual segunda vaga de pandemia",
defende Isabel Saraiva, fundadora do MOVA. “Embora ainda não haja vacina contra a
Covid-19, sabemos que existem muitas outras doenças graves que são preveníveis
através de vacinação. Essas, infelizmente, não desapareceram, mas podem, e devem,
ser evitadas”, conclui.
O MOVA reuniu recentemente. Entre membros e convidados, foram expressas ideias e
preocupações, as bases das missivas a enviar, pelo movimento de cidadania ao
Ministério da Saúde, ao Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, à
Direção-geral da Saúde e ao Programa Nacional para as Doenças Respiratórias
O MOVA entende que deve ser reforçada a importância da prevenção de outras
doenças potencialmente fatais que se podem evitar por vacinação, como é o caso da
Pneumonia.
O MOVA considera urgente que haja uma comunicação assertiva por parte das
autoridades. Explicar à população os riscos que este decréscimo nas taxas de vacinação representa para a saúde pública e preparar infraestruturas e serviços para receber os
seus utentes de forma segura, prática e eficaz.
“Sensibilizar a população, sim, mas já com a possibilidade de concretização. Temos de
recuperar o tempo perdido e preparar um futuro que ainda é incerto. No caso da
Pneumonia, corremos riscos de mortes, morbilidades e sequelas graves. Para quê
arriscar?”, continua a fundadora do MOVA.
Em 2018, a Pneumonia foi responsável 43.4% das mortes por doenças do aparelho
respiratório, 5.1% do total de óbitos no nosso País. A maioria poderia ter sido evitada
através de imunização.
A proteção dos grupos de risco através de imunização tem vindo a ser defendida pelo
Movimento Doentes pela Vacinação, especialistas e associações de doentes, que
apelam à gratuitidade da vacina contra a Pneumonia para as pessoas com mais de 65
anos, à semelhança do que já acontece com a vacina da Gripe.
“No caso da Gripe, os efeitos da gratuitidade são reveladores. Tomemos este bom
exemplo e repliquemo-lo com a Pneumonia. Só através da vacinação antipneumocócica
poderemos reduzir a média de mortes e internamentos”, conclui Isabel Saraiva.
Existe uma norma da Direção-geral da Saúde que recomenda a vacinação
antipneumocócica a todos os adultos (idades superiores a 18 anos) pertencentes aos
grupos de risco. A vacina é gratuita para as crianças e alguns grupos de risco, embora a
eficácia esteja comprovada em todas as faixas etárias. O MOVA apela a que se estenda
essa gratuitidade.
Fontes:
Dados de Portugal: Froes F, Diniz A, Mesquita M, Serrado M, Nunes B. Hospital admissions of adults with community acquired
pneumonia in Portugal between 2000 and 2009. Eur Respir Journal 2013;41:1141-46.
Morbidity and Mortality of Community-Acquired Pneumonia in Adults, in Portugal
Filipe FROES. Acta Med Port 2013 Nov-Dec;26(6):644-645
Informação à Imprensa
Maio 2020








