Administração do Hospital Garcia de Orta gere resposta à COVID-19 de forma autocrática
COMUNICADO 08/2020
O Conselho de Administração (CA) do Hospital Garcia de Orta (HGO) deu mais uma
prova de gestão autocrática e antidemocrática, ao demitir, na semana passada, o
Diretor do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia por delito de opinião.
A demissão ocorreu após o diretor do serviço de Ginecologia e Obstetrícia ter
manifestado o seu desagrado perante a diretriz emanada pelo Diretor Clínico do HGO
– que acumula também o cargo de diretor do serviço de Infeciologia de forma ilegal –
de internar na mesma enfermaria grávidas com e sem infeção por COVID-19, apesar
de existirem vagas em serviços exclusivamente destinados a doentes COVID. Com
esta atitude, o Presidente do CA do HGO evidencia, mais uma vez, o caráter
autoritário que já tinha demonstrado enquanto Diretor Executivo do ACES Almada-
Seixa.
Solidarizando-se com o Diretor demitido, 116 médicos do hospital, entre os quais
vários diretores de serviço, escreveram uma carta à Ministra da Saúde.
A gestão do CA do HGO durante a pandemia por COVID-19 tem sido desastrosa, com
claro prejuízo dos doentes no acesso a cuidados de saúde.
Os tempos de Bloco Operatório foram drasticamente reduzidos, nomeadamente para
os serviços de Ginecologia e Obstetrícia, Ortopedia e Neurocirurgia, que têm acesso
ao Bloco apenas de 3 em 3 semanas. Por isso, os doentes oncológicos da Ginecologia
(13) e Neurocirurgia (14) continuam a aguardar tempos para ser operados. A
Ortopedia tem 40 doentes com fraturas a aguardar sala operatória. Esta decisão
resulta no agravamento das listas de espera para cirurgia e promove o recurso aos
hospitais privados através dos cheques-cirurgia.
Durante este período epidémico, também de forma prepotente, os jovens médicos
internos da Formação Geral foram obrigados a cumprir horários excessivos e ilegais
no serviço de urgência, sem apoio qualificado.
Recorde-se que a atitude autoritária e persecutória do CA do HGO tem levado à saída
de vários médicos do HGO, nomeadamente do serviço de Pediatria, cuja urgência se
mantém encerrada no período noturno desde novembro de 2019 por falta de médicos.
A política deste CA prejudica o funcionamento do hospital, pondo em risco a qualidade
da medicina praticada, o que impõe o seu imediato afastamento.
O Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS) solicita a intervenção do Ministério da
Saúde e exige uma lei de gestão democrática, com base na governação clínica e
concurso público para os cargos de direção técnica.
4 de junho de 2020
A Direção do SMZS






